05
- maio
2017
O Poeta Aprendiz

A obra do poeta Vinícius de Moraes inspirou o projeto de leitura “O POETA APRENDIZ”, com os alunos dos 8ºs anos, que reuniram suas produções  textuais  e outras manifestações artísticas de linguagem numa apresentação para toda a turma, confirmando que não lhes falta criatividade  e versatilidade para transitar nas diversas áreas do conhecimento.

A primeira verão de  “O Poeta aprendiz” foi escrito por Vinicius de Moraes em 1958. Anos depois o poema viraria canção, em parceria com Toquinho. Agora, volta num livro-disco idealizado por Adriana Calcanhotto, que interpreta a música e assina as ilustrações. Os versos falam de um menino que sonha em ser poeta e descrevem o universo infantil de forma bem-humorada. A linguagem rica e divertida é ressaltada pelo glossário desta edição, que além de explicar algumas palavras chama a atenção para a curiosidade do poema.

Professora Luciana comenta os trabalhos produzidos pelos alunos.

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O POETA APRENDIZ / Rio de Janeiro, 1962
Ele era um menino
Valente e caprino
Um pequeno infante
Sadio e grimpante.
Anos tinha dez
E asinhas nos pés
Com chumbo e bodoque
Era plic e ploc.
O olhar verde-gaio
Parecia um raio
Para tangerina
Pião ou menina.
No fundo do mar
Sabia encontrar
Estrelas, ouriços
E até deixa-dissos.
Às vezes nadava
Um mundo de água
E não era menino
Por nada mofino
Sendo que uma vez
Embolou com três.
Sua coleção
De achados do chão
Abundava em conchas
Botões, coisas tronchas
Seixos, caramujos
Marulhantes, cujos
Colocava ao ouvido
Com ar entendido
Rolhas, espoletas
E malacachetas
Cacos coloridos
E bolas de vidro
E dez pelo menos
Camisas-de-vênus.
Em gude de bilha
Era maravilha
E em bola de meia
Jogando de meia –
Direita ou de ponta
Passava da conta
De tanto driblar.
Amava era amar.
Amava sua ama
Nos jogos de cama
Amava as criadas
Varrendo as escadas
Amava as gurias
Da rua, vadias
Amava suas primas
Levadas e opimas
Amava suas tias
De peles macias
Amava as artistas
Das cine-revistas
Amava a mulher
A mais não poder.
Por isso fazia
Seu grão de poesia
E achava bonita
A palavra escrita.
Por isso sofria.
Da melancolia
De sonhar o poeta
Que quem sabe um dia
Poderia ser.

 


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