30
- novembro
2023
O professor e o gosto pelas brasilidades

Guilherme Botelho
Professor de História, dos 6ºs, 7ºs EFAF e Eletiva de Ensino Médio

Música preta brasileira foi um projeto desenvolvido para um quadro especial do Fantástico, no mês da Consciência Negra, em comemoração ao aniversário do programa que é exibido semanalmente há 50 anos na TV Globo. Com uma repercussão muito positiva, o especial destacou, por meio da música, a importância do compromisso da sociedade com a diversidade e combate ao preconceito.

E por que falamos deste programa no Morumbi Sul? Porque ele contou com a participação e o envolvimento direto do professor de História dos 6ºs e 7ºs anos do EFAF, e Eletiva do Ensino Médio, Guilherme Botelho, que vai nos contar sobre sua atuação em mais um projeto muito especial.

Qual foi sua participação no “Música preta brasileira”?

Além de professor, também sou historiador e pesquisador, razão pela qual fui convidado a participar em conjunto com o Cientista Social Felipe O. Campos, numa dobradinha para pesquisa audiovisual sobre o tema, que me é muito familiar e pelo qual tenho grande interesse.

Como você foi envolvido com este projeto?

O diretor de jornalismo musical da Globo, Celso Lobo, nos convidou para este quadro do Fantástico, como um especial para comemoração do Mês da Consciência Negra nos 50 anos do programa. Ele já nos conhecia de outras atuações em projetos musicais da GNT e Globoplay em anos anteriores.

O trabalho consistiu em uma série de encontros para discussão de pauta, definição de convidados e músicas, e também para a produção, que chamamos neste caso de sala do roteiro, que é quando se junta o roteirista do programa com a equipe de pesquisa.

Qual foi o critério para seleção dos artistas?

Quatro pontos principais definiram os gêneros musicais, sendo o samba, funk, rap e música baiana. Nós partimos de quatro gêneros de maior popularidade comercial no Brasil e, a partir desses elementos, começamos a fazer as escolhas de representantes de diversas gerações, dos mais velhos para os mais novos para assim chegar a um legado estético que de fato apresentasse a proposta.

Quanto tempo durou esse trabalho e como se deu?

Nós participamos inicialmente de diversas reuniões, partindo para pesquisa e gravação, que também acompanhamos bem de perto, tanto com os artistas, nos bastidores, bem como diretamente com os apresentadores do quadro, Maju Coutinho e Rael da Rima, orientando-os em diversos momentos. Todo o projeto durou cerca de seis meses.

Qual é a sua história com a música?

Eu já atuo como pesquisador musical há pelo menos uns 13 anos. Seguindo essa paixão, fiz mestrado na USP, depois de já ter feito História na PUC-SP, em 2018 e apresentei a dissertação (O Fino Rap de Athalyba-Man.  A inserção do periférico via mercado fonográfico) no IEB – Instituto de Estudos Brasileiros, fundado pelo também historiador Sérgio Buarque de Holanda (pai do cantor Chico Buarque). Este espaço destina-se ao estudo de brasilidades e reúne grandes pensadores sobre o tema.

A partir dessa experiência me envolvi mais ainda com a proposta de estudar música popular comercial e escrevi o livro “Quanto vale o show”, inspirada na canção do grupo de rap brasileiro, Racionais. A proposta era refletir sobre como o rap entrou e se estabeleceu na dinâmica cultural brasileira.

Com a sua experiência de vida e seu envolvimento com a música brasileira comercial, como você avalia a importância desse quadro, Música preta brasileira?

A principal motivação foi proporcionar a reflexão sob uma perspectiva diferente do que é popular, uma vez que a música preta resulta da tensão entre os principais movimentos brasileiros, desde o início da era do rádio, passando pela bossa-nova, tropicalismo, jovem-guarda … até os tempos atuais. É importante resgatar as origens para entender o momento presente, sob diversos pontos de vista.

Acredito que toda proposta que conduz à reflexão é importante, e este momento, em particular, pede nova orientação sobre como se pensa e se produz cultura no País. De como se produz brasilidades.

Alguns projetos já realizados:

Enigma da energia escura, do GNT, com Emicida
Chic Show, documentário sobre bailes negros em São Paulo, na Globoplay
Livro “Quanto vale o show”
Diversos projetos de pesquisa para SESC, Centro Cultural SP, Casa de Cultura e outros.

Alguma mensagem do “professor” para os seus alunos?

Em nossas aulas sempre busco apontar a importância dos estudos sobre cultura brasileira e o quanto isso é importante para o repertório de vida. Que nossos estudantes nunca percam o gosto pelos estudos, entendendo que acúmulo de capital cultural é saúde para o viver em sociedade.

Jornalista responsável
Cidinha Ramalho MTb 0086694/SP


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